quarta-feira, 7 de março de 2007

Campanha Nacional de combate a pedofilia na internet

Pedofili@

As leis contra crimes na internet são brandas e a polícia não consegue prender os criminosos. É você quem tem de ajudar seu filho a se proteger contra a rede mundial depedofilia. Prepare-se para agir nesta guerra de forma inteligente

Patrícia Zaidan | Foto Carlos Cubi

O suicídio do estudante carioca Vítor Pereira de Lima, 17 anos, que se desesperou diante dos policiais que apreendiam seu computador cheio de imagens de pornografia infantil, faz refletir sobre algo que está muito perto de nós: a íntima relação que crianças e adolescentes desenvolvem com os conteúdos proibidos que a internet escancara. Pelo fato de correr em segredo de Justiça, não se conhece a extensão do caso de Vítor, rastreado pela Polícia Federal na operação Azahar, deflagrada simultaneamente em 25 países para coibir a pedofilia na rede. Ele poderia não ser um pedófilo. E certamente não era o único garoto envolvido com o assunto. Em fevereiro, quando Vítor se atirou da janela do sexto andar, o Ibope/NetRatings constatou que 1,3 milhão de brasileiros de 6 a 11 anos ligaram o computador. A média de permanência na rede foi de 9 horas e 53 minutos, tempo que cresceu 16% em relação ao mesmo mês de 2005. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, 2,4 milhões no total, a média ficou em 38 horas e 17 minutos, com aumento de 33%. As preferências deles: jogos, mensagens instantâneas, fotoblogs e o Orkut, que abriga inúmeras comunidades pedófilas. Enquanto você lê esta reportagem, há milhares de jovens passeando por elas. Os garotos que recebem imagens de sexo com crianças costumam repassá-las para os amigos sem saber que o envio é crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente com pena de até quatro anos de reclusão. Muitas crianças fazem uso do material para satisfazer a curiosidade e se experimentar no campo da sexualidade, o que os especialistas não consideram uma perversão, embora represente riscos. Para proteger os filhos, os pais precisam conhecer esse universo e seus desdobramentos, que vão além da página policial e têm a ver com ética, cidadania e equilíbrio emocional.

A IMPUNIDADE

O anonimato dos internautas e a velocidade das informações transformaram a rede no paraíso da pedofilia. Segundo o técnico em informática Anderson Miranda, no mundo existem 6,2 mil sites ligados ao tema. Cada um contém, em média, 900 fotos e 300 vídeos, o que alimenta o mercado do sexo virtual. "Muitas imagens são trocadas gratuitamente, mas os colecionadores querem raridades e pagam às máfias 100 dólares por uma foto e mil dólares por um vídeo inédito." Miranda e a mulher, a advogada Roseane, criaram o site Censura para orientar pais e colaborar no combate ao crime. De dezembro a fevereiro, o www.censura.com.br recebeu 720 denúncias, que foram encaminhadas ao Departamento de Polícia Federal, em Brasília. "Fazemos esse trabalho há oito anos, mas nunca vimos a condenação de um único suspeito", diz ele. Onias Tavares de Lima, diretor do Núcleo de Perícias de Crime de Informática da polícia paulista, responsabiliza os provedores de acesso à internet pela impunidade. "Essas empresas não têm boa vontade e atrapalham a investigação", afirma. "Como não há uma lei que obrigue o provedor a abrir o cadastro dos clientes, os policiais procuram um pedófilo como quem busca uma agulha no palheiro." O delegado Adauto Martins, coordenador da Divisão de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF, explica: "Temos que pedir ajuda ao Ministério Público e à Justiça para que o provedor revele o endereço de conexão. Muitas vezes, porém, não o localizamos, porque a identificação de um computador pode mudar no momento em que ele é religado". Para virar o jogo, Anderson e Roseane fazem um abaixo-assinado.

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